Veja quais foram os cúmplices deste retrocesso
Nesta
quarta-feira (8) o congresso aprovou o texto base do Projeto de Lei 4.303, que
regulamenta a atividade de terceirização. Com isso, o número de trabalhadores
terceirizados deve aumentar.
A nova lei abre as portas para que as empresas possam
subcontratar todos os seus serviços. Hoje, somente atividades secundárias podem
ser delegadas a outras empresas, como por exemplo a limpeza e a manutenção de
máquinas.
A bancada maranhense na Câmara é composta por 18 deputados
federais, destes, apenas 17 votaram, faltou Sarney Filho (PV). Veja abaixo a lista de
quem votou (sim) contra os trabalhadores, e quem votou (não), contra a
terceirização, assim, a favor dos trabalhadores.
Aluisio Mendes PSDC---------------- Sim
André Fufuca PEN ----------------- Sim
Cleber Verde PRB ------------------Não
Deoclides Macedo PDT -------------Não
Eliziane Gama PPS ------------------Não
Hildo Rocha PMDB ------------Sim
João Castelo PSDB ----------------Sim
João Marcelo Souza PMDB -------Sim
José Reinaldo PSB ------------Sim
Junior Marreca PEN ------------Sim
Juscelino Filho PRP------------------Sim
Pedro Fernandes PTB-------------Sim
Rubens Pereira Júnior PCdoB --Não
Victor Mendes PV ------------Sim
Waldir Maranhão PP ------------Sim
Weverton Rocha PDT ------------Não
Zé Carlos PT -----------------------Não
Aluisio Mendes PSDC---------------- Sim
André Fufuca PEN ----------------- Sim
Cleber Verde PRB ------------------Não
Deoclides Macedo PDT -------------Não
Eliziane Gama PPS ------------------Não
Hildo Rocha PMDB ------------Sim
João Castelo PSDB ----------------Sim
João Marcelo Souza PMDB -------Sim
José Reinaldo PSB ------------Sim
Junior Marreca PEN ------------Sim
Juscelino Filho PRP------------------Sim
Pedro Fernandes PTB-------------Sim
Rubens Pereira Júnior PCdoB --Não
Victor Mendes PV ------------Sim
Waldir Maranhão PP ------------Sim
Weverton Rocha PDT ------------Não
Zé Carlos PT -----------------------Não
Veja os prejuízos para os trabalhadores.
De Piero Locatelli - Repórter Brasil
1 - Salários e benefícios devem
ser cortados
O salário de trabalhadores terceirizados
é 24% menor do que o dos empregados formais, segundo o Dieese
(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). No
setor bancário, a diferença é ainda maior: eles ganham em média um terço do salário
dos contratados. Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, eles não têm
participação nos lucros, auxílio-creche e jornada de seis horas.
2 - Número de empregos pode
cair
Terceirizados trabalham, em média, 3
horas a mais por semana do que contratados diretamente. Com mais gente fazendo
jornadas maiores, deve cair o número de vagas em todos os setores.
Se o processo fosse inverso e os terceirizados passassem a trabalhar o mesmo
número de horas que os contratados, seriam criadas 882.959 novas vagas, segundo
o Dieese.
3 - Risco de acidente vai
aumentar
Os terceirizados são os empregados que
mais sofrem acidentes. Na Petrobrás, mais de 80% dos mortos em serviço entre
1995 e 2013 eram subcontratados. A segurança é prejudicada porque companhias de
menor porte não têm as mesmas condições tecnológicas e econômicas. Além disso,
elas recebem menos cobrança para manter um padrão equivalente ao seu
porte.
4 - Preconceito no trabalho pode
crescer
A maior ocorrência de denúncias de
discriminação está em setores onde há mais terceirizados, como os de limpeza e
vigilância, segundo relatório da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Com
refeitórios, vestiários e uniformes que os diferenciam, incentiva-se a
percepção discriminatória de que são trabalhadores de “segunda classe”.
5 – Negociação com patrão ficará
mais difícil
Terceirizados que trabalham em um mesmo
local têm patrões diferentes e são representados por sindicatos de setores
distintos. Essa divisão afeta a capacidade deles pressionarem por benefícios.
Isolados, terão mais dificuldades de negociar de forma conjunta ou de fazer
ações como greves.
6 – Casos de trabalho escravo
podem se multiplicar
A mão de obra terceirizada é usada para
tentar fugir das responsabilidades trabalhistas. Entre 2010 e 2014, cerca de
90% dos trabalhadores resgatados nos dez maiores flagrantes de trabalho escravo
contemporâneo eram terceirizados, conforme dados do Ministério do Trabalho e
Emprego. Casos como esses já acontecem em setores como mineração, confecções e
manutenção elétrica.
7 - Maus empregadores sairão
impunes
Com a nova lei, ficará mais difícil
responsabilizar empregadores que desrespeitam os direitos trabalhistas porque a
relação entre a empresa principal e o funcionário terceirizado fica mais
distante e difícil de ser comprovada. Em dezembro do último ano, o Tribunal
Superior do Trabalho tinha 15.082 processos sobre terceirização na fila para
serem julgados e a perspectiva dos juízes é que esse número aumente. Isso
porque é mais difícil provar a responsabilidade dos empregadores sobre lesões a
terceirizados.
8 - Haverá mais facilidades para
a corrupção
Casos de corrupção como o do bicheiro
Carlos Cachoeira e do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda
envolviam a terceirização de serviços públicos. Em diversos casos menores,
contratos fraudulentos de terceirização também foram usados para desviar
dinheiro do Estado. Para o procurador do trabalho Rafael Gomes, a nova lei
libera a corrupção nas terceirizações do setor público. A saúde e a educação
pública perdem dinheiro com isso.
9 - Estado terá menos arrecadação
e mais gasto
Empresas menores pagam menos impostos.
Como o trabalho terceirizado transfere funcionários para empresas menores, isso
diminuiria a arrecadação do Estado. Ao mesmo tempo, a ampliação da
terceirização deve provocar uma sobrecarga adicional ao SUS (Sistema Único de
Saúde) e ao INSS. Segundo juízes do TST, isso acontece porque os trabalhadores
terceirizados são vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais com
maior frequência, o que gera gastos ao setor público.
Fontes: Relatórios e pareceres da Procuradoria Geral da República (PGR), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e de juízes do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Entrevistas com o auditor-fiscal Renato Bignami e o procurador do trabalho Rafael Gomes.
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