Uol - O médico Antônio Andrade, plantonista da Unidade Mista de Saúde de Tibau do Sul, localizado no litoral sul do Rio Grande do Norte,
foi espancado com socos e chutes por um homem identificado como
Guilherme Mendes Faria, porque ele não quis esperar pelo atendimento
médico, na noite da última sexta-feira (4). Andrade teve o supercílio
cortado por conta da agressão.
Segundo o CRM-RN (Conselho
Regional de Medicina do Rio Grande do Norte), o médico estava realizando
uma sutura em um paciente quando o rapaz chegou para ser atendido e se
alterou ao saber que teria de esperar. "O agressor chegou ao hospital
com sinais de embriaguez e um ferimento na cabeça. Ao ser informado de
que o médico estava realizando um procedimento cirúrgico e de que ele
teria de esperar para ser atendido, começou a falar palavrões", contou o
vice-presidente do CRM-RN, Jeancarlo Cavalcante.
Imagens feitas por pacientes que estavam no corredor do hospital
mostram o homem gritando na porta do consultório médico e depois
aplicando golpes de muay thai no médico, numa sequência de socos e
chutes.
Sem defesa, o médico caiu no chão e continuou sendo chutado. Veja:
Funcionários e pacientes se desesperam para conter Faria, pois o
hospital não disponha de seguranças para detê-lo. O médico se levantou
ensanguentado, com ferimentos no supercílio.
"O
agressor Guilherme Faria chegou à unidade, exigia atendimento imediato
e, por isso, ficou incontrolavelmente perturbado e agressivo. Gritava e
esmurrava a parede da Unidade de Saúde. O médico de plantão incomodou-se
com aquela gritaria, interrompeu um pequeno procedimento que estava
realizando e saiu para tentar explicar ao paciente que ele iria ter de
esperar mais um pouco, pedindo que o mesmo se acalmasse. Guilherme, num
ato covarde, chutou, esmurrou e se agarrou ao médico, já no chão.
Acompanhantes tentaram detê-lo", informou em nota a Prefeitura de Tibau
do Sul.
Funcionários do hospital conseguiram
fechar a porta de saída da unidade hospitalar para que Faria não
fugisse. Segundo o CRM-RN, cerca de meia hora depois a PM (Polícia
Militar) chegou ao local e deteve o agressor.
Faria foi levado para a delegacia de plantão do Agreste, onde foi
lavrado um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência). Faria foi autuado
em flagrante por desacato e lesão corporal, mas, por ser réu primário,
foi liberado. A polícia tem 30 dias para concluir o inquérito e remeter
para o MPE (Ministério Público Estadual) denunciar o caso à Justiça.
O CRM-RN classificou como uma agressão covarde a um vulnerável, pois o
médico é idoso e estava no exercício de sua profissão sem segurança.
Cavalcante diz que o CRM já solicitou reforço em postos e unidades
hospitalares municipais e estaduais do Estado para que casos como este
não ocorram.
"Esta não é a primeira vez que
acontece aqui no Estado, por isso solicitamos e alertamos as autoridades
municipais e estaduais que é necessária a segurança em postos e
unidades de atendimento, principalmente no período da noite, quando é
mais propício chegar pacientes alterados por ingestão de bebida
alcoólica ou entorpecentes. Este caso é um exemplo do perigo que
profissionais de saúde se submetem para trabalhar", disse Cavalcante.
O CRM-RN informou que nesta segunda-feira vai publicar uma nota de
desagravo e que o caso já está sendo analisado pela assessoria jurídica
para que sejam tomadas as providências cabíveis. O conselho disse ainda
que tentou localizar o médico agredido, mas não conseguiu.
O prefeito de Tibau do Sul, Valdenício Costa, a secretária de Saúde,
Leide Costa, e presidente do Conselho Municipal de Saúde de Tibau do
Sul, Norma Lilian Fagundes de Lima, repudiaram a atitude do agressor
contra o médico e destacaram, em notas, que estão solidários ao
profissional de saúde. A SMS (Secretaria Municipal de Saúde) destacou
que está acompanhando o caso junto à polícia. A prefeitura disse ainda
que esteve com o médico, no sábado (5), e que está prestando o auxílio
necessário.
A SMS não justificou o porquê de o hospital não estar com segurança e se o local vai receber reforço para evitar agressões.
O UOL
tentou localizar o agressor Guilherme Mendes Faria, mas não conseguiu. A
reportagem telefonou para a clínica do pai dele, o médico Marco Rey,
mas as ligações não foram atendidas.
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