Em conversas gravadas por delator, peemedebistas discutem forma de conter a Lava Jata por meio acordo no STF
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal
(STF), nesta segunda-feira 6, a abertura de inquérito contra o ex-presidente e
ex-senador José Sarney (PMDB-AP), e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan
Calheiros (PMDB-AL), sob a acusação de embaraço às investigações na Operação
Lava Jato.
As informações
foram divulgadas no site da Procuradoria-Geral da República (PGR). Baixe apetição.
O pedido tem
como base a delação premiada do ex-diretor da Transpetro, Sérgio Machado,
também alvo do mesmo pedido de inquérito dentro da Operação Lava Jato.
Na delação
premiada, o ex-diretor da Transpetro explicou o conteúdo de cerca de seis horas
de conversas gravadas com os outros envolvidos, que demonstram a motivação de
estancar e impedir, o quanto antes, os avanços da Operação Lava Jato em relação
a políticos, especialmente do PMDB, do PSDB e do próprio PT, por meio de acordo
com o Supremo Tribunal Federal (STF) e da aprovação de mudanças legislativas.
Plano
Segundo o
procurador-geral, o objetivo dos congressistas era construir uma ampla base de
apoio político para conseguir, pelo menos, aprovar três medidas de alteração do
ordenamento jurídico em favor da organização criminosa: a proibição de acordos
de colaboração premiada com investigados ou réus presos; a proibição de
execução provisória da sentença penal condenatória mesmo após rejeição dos
recursos defensivos ordinários, o que redunda em reverter pela via legislativa
o julgado do STF que consolidou esse entendimento; e a alteração do regramento
dos acordos de leniência, permitindo
celebração de acordos independente de reconhecimento de crimes.
Janot
argumenta que há “elementos concretos de atuação concertada entre
parlamentares, com uso institucional desviado, em descompasso com o interesse
público e social, nitidamente para favorecimento dos mais diversos integrantes
da organização criminosa”, buscando, por via legislativa, atingir decisão da
Suprema Corte sobre cumprimento das penas após a decisão de 2ª instância e
enfraquecer o instrumento da colaboração premiada, amplamente empregado na
Operação Lava Jato.
Outra forma de
obstrução, segundo o pedido de inquérito, consistia na redução de poderes do
Judiciário e do Ministério Público mediante a realização de nova constituinte.
Para Janot, trata-se de atos estatais que visam a sabotar o próprio Estado, na
sua vertente de repressão ao crime organizado. “É chocante, nesse sentido,
ouvir o senador Romero Jucá admitir, a certa altura, que é crucial ‘cortar as asas’
da Justiça e do Ministério Público, aduzindo que a solução para isso seria a
Assembleia Constituinte que ele e seu grupo político estão planejando para
2018”, diz.
Já no
Judiciário, eles buscariam cooptar ministros do STF para anistiar envolvidos na
investigação ou para assegurar a manutenção da validade das proposições
legislativas almejadas, de forma que a Suprema Corte não as declarasse,
posteriormente, inconstitucionais. “Não bastasse a trama para mudar a
legislação, os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá e o ex-presidente José
Sarney ainda revelam o plano de incluir o Supremo Tribunal Federal, reserva
necessária de sobriedade institucional, na costura política de um grande acordo
espúrio para evitar o avanço do complexo investigatório”, afirma o PGR.
Atual 7
0 comments:
Postar um comentário
Fique à vontade, sua opinião é livre e de grande importância; contudo é de inteira responsabilidade do leitor e não representa a opinião do editor deste blog. Prezamos pela ética e pudor. Os comentários serão publicados em até 24 horas após análise.
Se achar algo que viole ou fira sua honra pessoal, envie para o e-mail: srfernandomelo@gmail.com que iremos avaliar.