Temer é vítima
de um complô, Aécio, de armação, e Lula, de perseguição. Se os três estão
certos, seria preciso imaginar que diferentes braços do Ministério Público, a
Polícia Federal e a imprensa foram todos contaminados por uma espécie de vírus
do niilismo e abraçaram o temerário projeto de destruir as instituições
republicanas, abatendo as lideranças dos principais partidos políticos do país.
É possível?
Bem, tudo o que não é proibido pelas leis da física é possível —e isso inclui
viagens no tempo e discos voadores alienígenas visitando a Terra. Parece-me
mais verossímil, porém, acreditar que os três políticos, bem como várias
centenas de outros, se meteram em relações absolutamente promíscuas com
empresários que já confessaram atos de corrupção na casa dos vários bilhões de
reais. Em muitos casos, exibiram provas físicas das propinas.
É possível que
nossos três líderes sejam mesmo santos em meio a um oceano de pecadores e que
os delatores estejam mentindo quando incluem seus nomes no rol de autoridades
compradas. Ademais, para que sofram uma condenação penal, é necessário que o
Estado demonstre seu envolvimento para além da dúvida razoável na opinião de um
tribunal colegiado. Não precisamos, porém, estabelecer o mesmo nível de
exigência para os efeitos políticos.
Ao contrário,
boa parte da crise que vivemos pode ser atribuída ao fato de que foros
políticos passaram a operar com balizas do Judiciário. Eu me explico. Num país
mais “normal”, o presidente que se vê envolvido num escândalo como o que
enredou Michel Temer renuncia, seja ele culpado ou inocente. Um senador
flagrado numa fita tão comprometedora como a de Aécio é rapidamente cassado
pelo Conselho de Ética da Casa. Já Lula, este, por não contar mais com foro
privilegiado, ao menos tem o mérito das acusações que pesam contra si avaliado
pela Justiça, o que não ocorre com os outros dois.
Por Hélio Schwartsman/Blog John
Cutrim
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