Weverton e a esposa Samya Lorene Rocha. (Foto: Arquivo)
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(Com
informações da Folha de São Paulo)
A Primeira
Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta terça (9), por 3 votos a
2, que a mulher do deputado federal é parte legítima para entrar com uma
queixa-crime contra o senador maranhense que insinuou, em uma rede social, que
seu marido é gay.
Em dezembro de
2017, Roberto Rocha (PSDB-MA) escreveu em sua conta no Twitter: “Não entendo o
motivo dos constantes ataques que me fazem os pedetistas, Lupi e Weverton. Logo
eu que sempre torci pela felicidade do casal.”
O senador se
referia a Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, e ao deputado Weverton Rocha
(PDT-MA). Logo após a publicação, Samya Lorene Rocha, esposa do deputado,
apresentou queixa-crime ao Supremo sustentando que o texto não só teve a
intenção de atingir a honra do deputado como de sua família e filhos.
Roberto Rocha. (Reprodução) |
“A expressão
‘O casal’, manejada por Roberto Rocha, atinge a honra de toda a família do
deputado federal [Weverton], em especial ofende o relacionamento que ele mantém
com a sua esposa, ora querelante [Samya]”, afirmou a defesa da mulher do
parlamentar.
Em maio, o
relator do caso, ministro Luiz Fux, negou seguimento à queixa-crime, “porquanto
ajuizada por parte ilegítima [a mulher] e, ademais, por estarem ausentes os
pressupostos caracterizadores do tipo penal de injúria, conforme remansosa
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal”.
No
entendimento de Fux, Samya não tinha legitimidade para apresentar a
queixa-crime, entre outros motivos, porque não foi diretamente o alvo da
mensagem no Twitter. O caso começou a ser analisado virtualmente pelos
ministros da Primeira Turma, mas passou para julgamento presencial porque o
ministro Alexandre de Moraes pediu destaque.
Moraes
argumentou, nesta terça, que se a jurisprudência admite, desde a década de
1960, que um homem chamado de corno possa apresentar queixa-crime contra o
suposto ofensor, a mulher também deve poder. “O homem que é chamado de corno
tem direito de entrar com queixa-crime. A mulher não tem direito?”, disse.
Marco Aurélio
e Rosa Weber concordaram com Moraes, formando a maioria. “Eu reconheço, sim,
quem se sentiu ofendido como parte para ajuizar a queixa-crime”, disse a
ministra.
De outro lado,
foram vencidos Fux e Luís Roberto Barroso. “A ofensa que ele quis fazer não era
a traição, era a homossexualidade”, disse Barroso. “Eu não acho que [a
publicação no Twitter] tenha menção à esposa nem intenção de alcançar a esposa.
Por isso também estou entendendo que falta legitimidade ativa [a Samya].”
Com a decisão,
a queixa-crime será processada pelo Supremo. Em sua defesa, o senador Roberto
Rocha afirmou que nunca teve a intenção de ofender Samya ou qualquer outra
pessoa, e alegou que o caso tinha motivação política dela, que buscava criar
uma situação favorável a seu marido.
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