Em um vídeo divulgado nas redes sociais nesta
sexta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) aparece criticando o
governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e se referindo aos estados da
região Nordeste pelo termo 'Paraíba'. O áudio foi capturado por um dos
microfones da mesa do café da manhã com jornalistas, em uma conversa informal
entre o presidente e o ministro Onyx Lorenzoni. "Paraíba" é um termo
considerado pejorativo usado para se referir a nordestinos fora da região,
especialmente no Rio de Janeiro.
Na publicação, Bolsonaro diz que dos governadores
do Nordeste, o pior é Flávio Dino. "Dos governadores de 'Paraíba', o pior
é o do Maranhão. Não tem que ter nada com esse cara", disparou o
presidente.
Em sua conta no Twitter, Flávio Dino comentou o
episódio. O governador maranhense alegou que "independente de suas
opiniões pessoais, o presidente da República não pode determinar perseguição
contra um ente da Federação". Além disso, Dino argumentou que a fala do
presidente se configurava como uma orientação administrativa "gravemente
ilegal". Em outra tuitada, ele continuou: "Como conheço a
Constituição e as leis do Brasil, irei continuar a dialogar respeitosamente com
as autoridades do Governo Federal e a colaborar administrativamente no que for
possível. Eu respeito os princípios da legalidade e impessoalidade (art 37 da
Constituição)", completou.
A Presidência da República informou que não vai
comentar o caso.
Na noite de hoje, horas após o vazamento, o
governador da Bahia, Rui Costa, publicou em suas redes sociais uma carta
assinada pelos governadores do Nordeste repudiando o comentário.
"Recebemos com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da
República", diz o texto, destacando é preciso diálogo "independente
de normais diferenças políticas".
Leia na íntegra:
CARTA DOS GOVERNADORES DO NORDESTE
19 de Julho de 2019
Nós governadores do Nordeste, em respeito à
Constituição e à democracia, sempre buscamos manter produtiva relação
institucional com o Governo Federal. Independentemente de normais diferenças
políticas, o princípio federativo exige que os governos mantenham diálogo e
convergências, a fim de que metas administrativas sejam concretizadas visando
sempre melhorar a vida da população.
Recebemos com espanto e profunda indignação a
declaração do presidente da República transmitindo orientações de retaliação a
governos estaduais, durante encontro com a imprensa internacional. Aguardamos
esclarecimentos por parte da presidência da República e reiteramos nossa defesa
da Federação e da democracia.
Correio 24h
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