Diante do
isolamento social devido ao novo coronavírus, a exposição solar fica
prejudicada, mas não deve ser esquecida. A exposição moderada ao sol é
importante para sintetização da vitamina D. Entre os benefícios da vitamina D
(VD) estão a melhora do sistema imune.
A vitamina D é
um nutriente com função de hormônio que age em diversas áreas do organismo.
“Sem dúvida, manter níveis normais de vitamina D está associado a menor taxa de
infecções. Vitamina D está envolvida no processo de defesa do organismo contra
agentes infecciosos e células cancerígenas. Isso se concluiu quando se
compararam pessoas com baixo nível de VD, versus, altos níveis de VD”, explicou
o coordenador científico da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Helio
Miot.
Segundo o
médico, no mundo tem sido observados níveis baixos de vitamina D em toda a
população. “Sabemos que 60% ou até 80%, dependendo do grupo populacional, tem
níveis baixos de vitamina D, o que pode comprometer o funcionamento do
organismo como um todo, especialmente as pessoas de risco como gestantes,
idosos, imunossuprimidos, indivíduos em pós-operatório de cirurgia bariátrica,
quem tem osteoporose e doenças intestinais. Esses indivíduos devem ter seu
nível de vitamina D testado e, se forem baixos, receber a suplementação”.
O médico
explica que grande parte da vitamina D é produzida pela pele, sendo mais de 90%
pela exposição solar habitual. “Então não é aquele indivíduo que vai se
bronzear na piscina, mas é durante aquela caminhada, ao estender uma roupa no
varal, tudo isso promove uma grande síntese de vitamina D. Outra grande parte
ocorre pela alimentação, com alimentos como peixes, ovos, derivados de leite e
algumas frutas. Esses alimentos têm uma quantidade de vitamina D. Essas são as duas principais fontes de
vitamina D para o organismo: exposição solar leve e alimentação”.
EXPOSIÇÃO
MODERADA
Com a situação
atípica do isolamento social, a população vai diminuir a exposição ao sol. Mas,
segundo o especialista, a exposição deve continuar sendo leve. “A síntese
acontece muito rapidamente, e se houver um excesso de exposição, o consumo de
vitamina D acaba sendo comprometido. Então não se recomenda, nem mesmo com
filtro solar, ficar se expondo, intencionalmente. As pessoas de risco, como
idosos, obesos, quem está em pós-operatório de cirurgia bariátrica, mulheres na
menopausa, são indivíduos de alto risco para hipovitaminose D. Esses indivíduos
devem conhecer o seu nível e se forem baixos, devem repor de forma oral [com
medicamentos]”, orienta Miot.
O médico
recomendou que também é importante a manutenção da atividade física nesse
período. “O isolamento tende a aumentar o sedentarismo, isso faz hipotrofia dos
músculos, faz uma redução do depósito de cálcio nos ossos, maximizando os
riscos de pessoas com osteoporose. É importante ter uma atividade física mínima
nessa quarentena, manter as atividades habituais de exposição ao sol com
proteção, evitando-se os horários de risco. Os indivíduos que são deficitários
de vitamina D devem fazer a suplementação segundo orientação médica, e aqueles
que querem se prevenir quanto a essa pior síntese de vitamina D mediante o
confinamento, devem ter uma alimentação rica nessa vitamina”.
A
dermatologista e especialista em estética Hellisse Bastos dá uma dica para
tomar sol de forma leve. “O ideal é ficar com a palma da mão virada para o sol
em torno de 5 a 10 minutos no máximo. Sentiu que a palma da mão está quente, a
gente já está sintetizando vitamina D. Outra dica é abrir todas as janelas,
aproveitar onde bate sol na sua casa e deixar as janelas bem abertas para
iluminar o local”.
IMUNIDADE
Na opinião de
Miot, todos devem manter níveis normais de vitamina D, não somente para a
imunidade. “O grande problema que envolve a vitamina D e a imunidade é que, na
maior parte das vezes, a vitamina D está baixa por um problema crônico,
medicamentos, idade avançada, inflamações no intestino, sedentarismo, diabetes,
cirurgia bariátrica, desnutrição, menopausa. Essas causas subjacentes reduzem a
imunidade, assim como reduzem a vitamina D”.
Ele explica
que, nesse caso, não adianta dar vitamina D, é preciso corrigir a causa da
queda dessa vitamina. “Caso contrário, a
imunidade não vai se restabelecer. Por essa razão, a posição da SBD é que se
conheça seus níveis de vitamina D. Se estiverem normais, indicamos vida normal
e boa alimentação, com exposição solar habitual, com filtro solar. Se estiver
baixa, recomendamos reposição de vitamina D e uma investigação de por quê está
baixa”.
O médico
alerta que o excesso de vitamina D também pode causar distúrbios. “É certo que
queremos fazer de tudo para nos protegermos de infecção. É certo que níveis
baixos de vitamina D estejam associados a maior risco de infecção. Mas, não é
certo que todos suplementem vitamina D, indiscriminadamente. Pois o excesso
também tem efeito tóxico aos rins”, conclui Miot.
CRIANÇAS
Para as
crianças, que necessitam da vitamina D para o crescimento e formação óssea, mas
que estão também em isolamento, a recomendação do pediatra Antonio Carlos da
Silveira é aproveitar o sol da janela ou das varandas, apenas com braços ou
pernas descobertos. “A vitamina D é importante ao longo da vida, mas
principalmente para as crianças em crescimento, a presença do sol é
fundamental. Mesmo durante o isolamento pela pandemia, se expor ao sol é muito
importante. Pode ser até um sol na janela, no quarto, mas nunca por meio de
vidros; se tiver uma sacada melhor ainda. Tomar até 10 minutos é necessário
para a sintetização da vitamina.”
Para o
pediatra, as crianças devem aproveitar o outono, já que no inverno fica mais
reduzido o período de sol. “É importante aproveitar esse período, pois com o
inverno chegando fica reduzida a incidência solar”, lembra o médico.
Para todos os
grupos populacionais, o ideal é que a exposição ao sol ocorra até as 10h e após
as 15h. Fora desse período, a incidência solar pode ser crítica para a
ocorrência do câncer de pele e outras doenças da pele.
Agência Brasil
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