A atividade de blogueiro estava levando alguns colegas a torná-la um meio fácil e rápido de ganhar dinheiro. Não deu pra nada? Crie um blog e fique rico. Esse é o conceito, equivocado, diga-se de passagem, que alguns começaram a ter da blogosfera.
Robert Lobato – Neste post, porém, o editor deseja
tão somente fazer a constatação de que a chamada “Operação Turing” recoloca o
debate sobre a questão de qual tipo de blogosfera temos no Maranhão e também a
questão da liberdade de expressão e os limites dos blogueiros enquanto
formadores de opinião. Aliás, quem acompanha o blog sabe que
esse assunto sempre foi objeto de análise desta página.
No Brasil de tempos de Lava Jato, onde
investigações e julgamentos ocorrem num só tempo, e via de regra a condenação é
previamente decreta pela mídia, todo cuidado é pouco para que injustiças não
sejam cometidas contra inocentes.
De qualquer forma, as estruturas da blogosfera
nativa foram abaladas sem sombras de dúvidas pela Operação Tourin.
O joio e o trigo
Evidente que é sempre desconfortável ver colegas
passarem por tamanho constrangimento como nesse caso, cuja repercussão foi nacional.
Contudo, a questão fundamental é: esse episódio
coloca a atividade de blogueiro na berlinda a ponto de parecer aos olhos da
sociedade que todos são iguais? Eu mesmo respondo: claro que não!
Em toda atividade humana há bons e maus
profissionais. Não é diferente no território da blogosfera.
Ocorre que que a atividade de blogueiro estava
levando alguns colegas a torná-la um meio fácil e rápido de ganhar dinheiro.
Não deu pra nada? Crie um blog e fique rico. Esse é o conceito, equivocado,
diga-se de passagem, que alguns começaram a ter da blogosfera.
Só que nada vida é fácil, ainda mais dinheiro. E
tudo é que vem fácil, também vai fácil, além do fato de que há dinheiro que não
vale a pena a gente ganhar, ainda mais quando os métodos expõem uma face
violenta, por parte de alguns blogueiros, no que diz respeito a colocar a faca
no pescoço de políticos, autoridades públicas, empresários etc, para tirar
vantagem financeira.
Se por um lado pode-se questionar algumas
“coincidências” na Operação Turing, como, por exemplo, o fato de um servidor
comissionado do Governo do Maranhão ser exonerado ou ter “pedido exoneração”
poucos dias antes da PF ‘estartar’ a ação ou ainda o fato de praticamente todos
os blogueiros levados à Polícia Federal serem de oposição ao governo Flávio
Dino, por outro não tem como esconder que alguns colegas estavam exagerando em
práticas que nada têm a ver com jornalismo, menos ainda com jornalismo
investigativo. Estava claro a existência de uma teia promíscua entre
blogueiros, agentes públicos e privados cada um querendo ganhar o seu nos
mesmos termos e modus operandi que acabou provocando a execução do blogueiro
Décio Sá.
O fato é que há blogueiros e blogueiros. E como a
atividade não é regulamentada por lei, não há como impor uns limites éticos a
ela, daí que a blogosfera se torno praticamente uma “terra de ninguém”.
Nesse sentido, caberá sempre ao leitor separar o
joio do trigo e avaliar quem merece não apenas ser lido, mas, sobretudo, levado
a sério nessa área.
Trabalhada com equilíbrio e com um mínimo de ética
possível, a blogosfera se torna não somente num meio extraordinário de
informação, uma grande prestadora de serviço à sociedade e mesmo uma forma de
ganhar dinheiro honestamente, já que os veículos tradicionais de comunicação
não têm tanta liberdade como as novas mídias alternativa.
O desafio, porém, é não transformar os blogs em
“armas de destruição em massa” no que diz respeito à reputação alheia ou em
meio de ganhar dinheiro na base do vale tudo, pois dessa forma acabam
virando-se contra os próprios editores. Aliás, práticas de extorsão de blogs
são tão nocivas à imagem dos blogueiros quanto àquelas que agridem, desonram, e
despeitam pessoas e seus familiares.
De qualquer forma, lamento profundamente pelos
colegas, alguns que tenho até na cota de amigo pessoal, terem que enfrentar
tamanha situação, repito, constrangedora.
Que a verdade prevaleça e faça justiça a quem
merece.
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