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quinta-feira, 23 de março de 2017

Moro anula provas que poderiam revelar fontes de blogueiro

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Juiz restringiu investigação contra Eduardo Guimarães; acusado assume ter avisado Instituto Lula sobre condução coercitiva


O blogueiro Eduardo Guimarães, do blog da Cidadania, alvo de um mandado de condução coercitiva, deixa à sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo - 21/03/2017 (Marcos Bezerra/Futura Press/Folhapress)

Veja – Diante das críticas que recebeu de entidades jornalísticas após determinar a condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães na investigação que apura vazamentos da ação da Polícia Federal contra o ex-presidente Lula, em março de 2016, o juiz federal Sergio Moro reviu parte de sua decisão. Em despacho assinado nesta sexta-feira, “considerando o valor da imprensa livre em uma democracia”, o magistrado determinou que Guimarães não seja mais investigado por violação do sigilo funcional, mas apenas por suposto embaraço às investigações.

Além de restringir as apurações contra Eduardo Guimarães, o juiz federal decidiu que “deve ser excluído do processo e do resultado das quebras de sigilo de dados, sigilo telemático e de busca e apreensão, isso em endereços eletrônicos e nos endereços de Carlos Eduardo Cairo Guimarães, qualquer elemento probatório relativo à identificação da fonte da informação”.

Embora reafirme que o blogueiro, responsável pelo Blog da Cidadania, não é jornalista, e que “o mero fato de alguém ser titular de um blog na internet não o transforma em jornalista automaticamente”, Moro entende que “a manifestação de alguns membros da classe dos jornalistas e de algumas associações de jornalistas no sentido de que parte da atividade de Eduardo Cairo Guimarães teria natureza jornalística, embora não vincule o Juízo, não pode ser ignorada como elemento probatório e valorativo”.

Moro explicou no despacho que o objetivo da investigação “não era propriamente a de identificar a fonte da informação do blog”, já que ela estava identificada, mas apurar se o blogueiro havia comunicado seu conteúdo a auxiliares do petista antes de publicá-las.

Em seu depoimento à Polícia Federal, conforme Moro afirma na decisão de hoje, Guimarães confirmou que não apenas divulgou a informação em seu blog, mas que antes comunicou um assessor do ex-presidente a respeito dela.

O juiz pondera que contribuíram para sua decisão de determinar a condução coercitiva de Guimarães o fato dele aparecer como “comerciante” no banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que ele confirmou em seu depoimento, e que o conteúdo de seu blog contém propaganda política. “A utilização do blog para veicular propaganda político-partidária do próprio titular para cargo político parece desnaturar a natureza jornalística da atividade”, justificou Moro.

Ele também ressalta que, “sem qualquer espécie de coação”, Eduardo Guimarães revelou à Polícia Federal em seu depoimento quem foi a fonte da sua informação sobre a quebra do sigilo fiscal de Lula e outros investigados na Operação Lava Jato. “Um verdadeiro jornalista não revelaria jamais sua fonte”, conclui Sergio Moro.


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terça-feira, 21 de março de 2017

Blogueiro é conduzido coercitivamente à PF em SP para prestar depoimento após divulgar detalhes da operação da Lava Jato contra Lula

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O blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania, alvo de um mandado de condução coercitiva, deixa a sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo)

A Superintendência da Polícia Federal em São Paulo informou que o jornalista e blogueiro Eduardo Guimarães foi levado coercitivamente para prestar depoimento na sede da PF em São Paulo nesta terça-feira (21).

Guimarães é autor do Blog da Cidadania, em que faz críticas à gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo do Estado de São Paulo, a de Michel Temer na Presidência da República e também à operação Lava Jato, que investiga desvios de recursos públicos na Petrobras.

A PF confirmou que Guimarães prestou depoimento acompanhado de um advogado na manhã desta terça-feira, por decisão judicial determinada por Curitiba, no Paraná. Trata-se de um inquérito policial que está sendo apurado no âmbito da PF do Paraná.

Questionada sobre se tratava de investigação relacionada à Operação Lava Jato, a comunicação da PF informou que se trata de um inquérito separado. As perguntas feitas ao blogueiro foram enviadas por procuradores e delegados do Paraná, informou a PF de São Paulo.

Segundo a defesa do blogueiro, Guimarães prestou depoimento em um inquérito da PF do Paraná que apura o fato do blogueiro ter feito a divulgação antecipada da condução coercitiva do Lula na Lava Jato no ano passado. Segundo ele, a condução coercitiva e a busca foram determinados pelo Sérgio Moro.

Liberado por volta das 11h30, ele falou aos 'Jornalistas Livres' sobre o caso, referente à divulgação de uma nota, em seu blog, sobre a iminente condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que efetivamente ocorreu em 4 de março de 2016. "Recebi de uma fonte as informações antes, e eles queriam saber se tenho alguma ligação com a pessoa que vazou. Não conheço essa pessoa. Divulguei porque é o meu trabalho jornalístico. Sou blogueiro e o meu trabalho é divulgar", afirmou Guimarães, que também questionou a motivação da condução, já que não teria se recusado a prestar depoimento.

Ele também reclamou da apreensão de seus equipamentos. "Sou agora um blogueiro sem equipamento nenhum."

Defesa 


O advogado Fernando Hideo Lacerda disse que a PF de SP cumpriu dois mandados de busca e condução coercitiva na casa do jornalista no Paraíso, Zona Sul de São Paulo às 6h.

O advogado disse que a PF não esperou o advogado chegar para começar o depoimento e, mesmo estando na qualidade de investigado no inquérito, o blogueiro foi levado coercitivamente para prestar depoimento como testemunha. 

Como testemunha, é obrigado a falar. Como investigado, não. Segundo o advogado, a PF falou para ele que tinham apreendido o celular e o laptop dele e descoberto quem era a fonte dele no caso do vazamento e ele ‘teve que falar” (quem era a fonte).

Só que, segundo o advogado, Moro entrou com uma ação contra o blogueiro, por postagens no blog. Como Moro é parte uma ação contra o blogueiro, não poderia ter determinado sua busca e apreensão e sua condução coercitiva em outro caso. Moro, pela lei, deveria ter se declarado impedido, já que a legislação proíbe o juiz de decidir em casos em que é parte ou conhece uma das partes. No caso, Moro litiga em outro processo contra a vítima do mandado de condução coercitiva que determinou.

Do G1 SP, com acréscimos de Rede Brasil Atual


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